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A chacina no Salgueiro não pode parecer natural


Foto: Reprodução da internet


No último dia 11/11, a imagem obscena de sete corpos amontoados num canto do IML de Itaboraí circulou pelas redes sociais. Segundo a polícia, haviam sido encontrados no meio do mato, no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo. De acordo com parentes das vítimas e testemunhas, os corpos eram de jovens vítimas de um massacre. Homens encapuzados e vestidos de preto foram acusados de atacar a tiros de fuzil um baile funk na favela, onde teriam desembarcado de um blindado da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.


Uma semana depois da chacina, o Estado não deu ainda qualquer resposta aos questionamentos feitos pela comunidade. O que ocorre, ao contrário, é um nefasto jogo de empurra-empurra. A Polícia Civil nega que tenha matado alguém naquela noite e, num primeiro momento, culpou dos disparos militares do Exército que também participaram da operação. O Exército, por sua vez, negou a autoria dos tiros. O fato é que sete jovens foram assassinados. Quem matou, quem sabe?


O Rio de Janeiro tem um histórico de chacinas recorrentes e, o que é pior, de crimes sem solução: da Candelária ao Salgueiro, passando pela Baixada, Alemão e Maré, Acari e Vigário Geral, Borel e Morro do Estado… Poucos foram os casos de executores responsabilizados. Ainda mais grave, a lógica de segurança pública responsável por esses e tantos outros morticínios, responsável por nada menos que 813 mortes de civis e de 27 agentes de segurança pública durante operações policiais só nos primeiros nove meses de 2017, permanece inalterada.


Enquanto não for revertida essa lógica típica de guerra, pautada no enfrentamento em detrimento da inteligência, na violação de direitos em detrimento do respeito às garantias fundamentais, nas execuções sumárias em detrimento do respeito à lei, novos Salgueiros, Acaris e Candelárias virão.


O PSOL exige uma ampla e profunda investigação que permita a apuração das identidades dos responsáveis pelas mortes e a sua responsabilização. Ainda, considerando o alto grau de corrupção observado nas corporações policiais fluminenses, bem como os fortes indícios de participação do Exército nas mortes, defendemos que a investigação fique ao encargo da Polícia Federal.


Mais do que isso, para que possamos ir à raiz do problema e evitar novos acontecimentos semelhantes ao ocorrido no Salgueiro, defendemos uma mudança de paradigma nas políticas estaduais de segurança pública. Hoje, o que há é uma política criminal com derramamento de sangue: segurança pública não deve ser feita com o fígado, mas com inteligência, planejamento, garantia de direitos como educação, saúde e lazer, e respeito aos direitos humanos.


Executiva Municipal do PSOL Niterói 17 de novembro de 2017

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