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Livro conta trajetória e importância política do PSOL

O livro “Um lugar ao sol – O PSOL na construção da esquerda contemporânea” (SAGGA Editora), do historiador Vinícius Gentil, é o resultado do cruzamento de dados de entrevistas, congressos e do próprio dia a dia da sigla. Na obra, o autor trava um importante debate sobre o futuro do Partido Socialismo e Liberdade, buscando entender o papel do PSOL no Brasil e no mundo de hoje.

Remontando a história do partido, Gentil desvenda um grupo político que não se limita a ser mais do mesmo nem tampouco um produto da ruptura do PT (Partido dos Trabalhadores) – como em outras experiências políticas anteriores.

Protagonizado por quadros como Heloísa Helena, Ivan Valente, Babá e Luciana Genro, o nascimento do PSOL ocorreu, em 2004, em meio a gravíssimas discordâncias das medidas econômicas adotadas pelo primeiro governo Lula (2003 – 2006). À época, a nomeação de Henrique Meirelles (PSDB e MDB), no comando do Banco Central, e a reforma da Previdência – sempre ela! -, desagradavam setores petistas, que logo foram taxados de “traidores” – pelo PT (de onde a então senadora Heloísa Helena foi expulsa) – e de “radicais”, pela imprensa comercial.

E não era para menos. As pautas que o PT começava a inserir como suas não faziam parte das bandeiras históricas do partido de Lula. Os descontentes saíram e tentaram se organizar em outros grupos. É neste contexto, de intensos debates acerca do que seria um novo agrupamento político de esquerda, que não consegue mais caminhar com o PT, é que nasce o PSOL.

Dores do crescimento

Além de fazer um recorte dos primeiros momentos da legenda, “Um lugar ao sol – O PSOL na construção da esquerda contemporânea” mostra, também, um partido que está na vanguarda das lutas coletivas atuais.

Isto porque diferentes grupos atuam e utilizam o PSOL – mesmo sem atuação direta na sigla – para suas frentes de lutas coletivas.

Segundo Gentil, fortes tendências internas parecem, algumas vezes, responderem mais a seus pares internacionais que ao próprio PSOL.

Pedras no caminho

Por ter surgido de uma ruptura interna com o PT, o PSOL ainda sente muita dificuldade em mobilizar a esquerda por conta da gigante ‘sombra’ do PT e do lulismo. Por outro lado, Gentil observa que, pelo menos na política carioca, o PSOL segue sendo um partido diferente.

“Há uma intensa atuação jovem na sigla, que se organiza de forma completamente diferente dos partidos tradicionais. São formas de mobilização e militância que chamam muito a atenção”, diz o autor.

“Afinal, que grupos de jovens são esses, que se misturam a políticos experientes? Que caminhos o partido vai trilhar?” – indaga.

Com a cláusula de barreira do ex-deputado federal – hoje preso -, Eduardo Cunha (MDB), o PSOL correu um sério risco de não se tornar um partido com recursos para disputar as eleições de 2018. O livro destaca que o deputado federal Marcelo Freixo teve um papel fundamental na tentativa de rodar o país atrás de pessoas que pudessem desempenhar um papel importante no PSOL, disputando um cargo eletivo.

Em uma das entrevistas que Gentil fez com Freixo, o parlamentar lhe contou que vinha tentando fazer uma grande articulação política, na tentativa de vencer a cláusula. A ideia era trazer novos quadros, de setores progressistas da sociedade: gente que se destacasse nos seus respectivos campos de atuação e militância política. Resultado: o objetivo de vencer a cláusula foi superado, o PSOL se consolidou e este processo culminou, em 2018, com a candidatura do líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, à Presidência da República.

A obra de Gentil revela, também, outro desafio da sigla: o PSOL ainda precisa de uma experiência significativa no poder Executivo, a fim de implementar as suas próprias políticas públicas e, enfim, dizer a que veio. Para o autor, o partido é, hoje, “de parlamentares” ou “quase um partido de ativistas”.

“São pessoas que se destacam; poucas, mas que se destacam, por serem presenças fortes, notadamente na política do Rio de Janeiro” – ressalta Gentil.

Atualmente, a bancada do PSOL é a segunda maior da Câmara de Vereadores do Rio (Tarcísio Motta; Babá, que substituiu Marielle Franco, brutalmente assassinada em 2018; Renato Cinco; Paulo Pinheiro; Leonel Brizola Neto e Dr. Marcos Paulo, que substituiu o atual deputado federal David Miranda: ele assumiu no lugar do ex-deputado Jean Willys, que renunciou ao cargo) e conta com outros cinco deputados na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do RJ): Dani Monteiro; Eliomar Coelho; Flávio Serafini; Mônica Francisco e Renata Souza.

Apesar da dificuldade atual de todos os partidos de esquerda em se organizar, sobretudo após o golpe de 2016 e dos anos desgastantes de Dilma, o PSOL tangencia uma série de outros conceitos partidários.

Uma das principais características que se pode perceber em “Um lugar ao sol – O PSOL na construção da esquerda contemporânea” é a de que ainda há uma novidade que ronda e pode iluminar os rumos da democracia brasileira.

O livro ainda não tem data de lançamento, pela SAGGA Editora.

Sobre o autor: Historiador de formação, Vinícius Gentil é mestre em Educação e doutor em Ciências Sociais, com especialização em Ciência Política.

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